No dia 02 de julho, no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Ilha do Fundão, o estudante da Escola de Belas Artes Diego Vieira Machado foi encontrado morto por volta das 18h por colegas em uma viela próxima ao Alojamento Universitário, com sinais de espancamento no corpo. Diego era negro, homossexual, cotista, pobre e nascido em um bairro periférico de Belém do Pará. Essas características lembram uma ameaça feita através de um site criado para que pessoas possam mandar mensagens anônimas de email, 5ymail.com. Essa ameaça chegou a algumas pessoas estudantes e moradoras do alojamento da UFRJ, disfarçada como se tivesse vindo do SIGA (sistema interno da universidade) tendo como título “Relação de Bolsistas” e iniciando com uma referência a uma suposta demanda de criação de email para bolsistas.
Segundo o Jornal o Globo: “O corpo do aluno Diego Vieira Machado, de 22 anos, foi encontrado por colegas, por volta das 18h de sábado, com sinais de espancamento, sem roupas e sem documentos em uma das vielas próximo ao alojamento de estudantes. A Divisão de Homicídios foi acionada, e a perícia foi feita ainda durante à noite.”
Jornal Extra: “Diego Vieira Machado, de 24 anos, estava com sinais de espancamento e sem calças. Ele cursava Arquitetura e tentava transferência para Comunicação Social. Os amigos dizem ainda que o jovem foi vítima de homofobia.”
Segundo uma estudante da UFRJ, ele praticava judô e kung-fu, era um rapaz alto e forte, o que indicaria, possivelmente, a participação de mais de uma pessoa no crime. É nítido que existe um clima de ódio à diversidade (sexual, étnica etc.) ocorrendo na UFRJ e que pode estar sendo fomentado por um grupo organizado, como o que foi responsável por enviar a ameaça mencionada. Não é possível afirmar que o assassinato de Diego tenha sido cometido exclusivamente por pessoas da universidade, mas a mensagem contendo a ameaça indica um acompanhamento da rotina de algumas pessoas da universidade visadas por um grupo de ódio.
Em 11 de maio 2016, houve outra mensagem de ódio assinada desta forma. Estudantes que as receberam se queixaram na época mas parece que nada foi feito sobre o caso. Agora, com o assassinato de Diego, essas mensagens de email chegam ao centro da investigação.
Escrevemos esta matéria não somente para denunciar o caso, mas também para alertar as inúmeras pessoas estudantes da UFRJ, moradoras ou não do alojamento, cotistas, homossexuais, mulheres, negras, e todas as minorias estudantes e trabalhadoras que frequentam a universidade que a ameaça é real, que possivelmente há um grupo de inclinações fascistas em operação dentro da univerdade. É importante que haja cautela nos deslocamentos, que evitem andarem sozinhas (principalmente durante a noite, dados os problemas de iluminação e segurança frequentemente relatados no Fundão) e, caso seja possível, andem em grupos de 3 ou 4. Evitem locais escuros e de pouca circulação, avisem sempre a pessoas amigas onde vão, denunciem pichações que exaltem o ódio, procurem não se expor em redes sociais (pois grupos assim também monitoram essas vias), zelem por sua segurança e de quem está ao seu redor em situação precária e vulnerável, e nunca se esqueçam, VOCÊS NÃO ESTÃO SOZINHAS!
É preciso lembrar Boaventura Durruti: “O fascismo não se discute, se destrói.”
Mais informações sobre a plataforma em: Nova plataforma pretende expor a sujeira da política brasileira
Links Relacionados ao caso:
2- Estudante da UFRJ é encontrado morto às margens da Baía de Guanabara
3- Estudante é encontrado morto e com marcas de espancamento na UFRJ
4- Estudante da UFRJ é encontrado morto no câmpus do Fundão
5- Estudante de Letras é assassinado no campus da UFRJ
6- Estudante é encontrado morto e com marcas de espancamento na UFRJ
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