O Partido Pirata da Ucrânia pede socorro

jan 27, 2014 | Notícias, Tradução | 0 Comentários

Entrevista com o Partido Pirata da Ucrânia (PPUA), publicada no Pirate Times em 26 de janeiro de 2014, por Zbigniew Łukasiak, do Partido Pirata da Polônia (PPPL).

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 Pirate Times: Da minha perspectiva (na Polônia), há uma cobertura muito boa do protesto ucraniano feita pela imprensa tradicional. Quais informações você acha que ainda não estão sendo repassadas? Sobre o que você gostaria de informar o mundo?

Partido Pirata da Ucrânia: Bem, não podemos falar muito sobre a cobertura aprofundada na Polônia, mas aqui vemos um ponto de vista favorável às autoridades em quase todos os nossos meios de comunicação de massa mais populares. Nosso principal canal de TV nacional estavam transmitindo shows e concertos durante os confrontos com a polícia nas ruas. Alguns canais regionais apresentam os manifestantes apenas como um bando de nazistas que querem substituir um presidente legítimo. Vimos seus repórteres na Rua Grushevskogo e eles estavam no centro dos acontecimentos.

PT: Como o PPUA está participando dos protestos?

PPUA: Ajudamos os manifestantes com infraestrutura wi-fi – em locais onde eles descansam e em torno do edifício da prefeitura em Kiev. Muitas pessoas têm medo de ter suas contas de redes sociais hackeadas, por isso tentamos explicar-lhes como proteger seus dados – criptografia de e-mail, autenticação de dois fatores, senhas fortes etc. Alguns de nós participamos das unidades de autodefesa. Você deve ter ouvido falar dos “titushky”. Eles são um problema ainda pior do que a polícia, pois não precisam se preocupar quando seus rostos são expostos pelas câmeras dos jornalistas. Mesmo quando você vê todos essas atos repugnantes cometidos pela polícia, no fim das contas, eles ainda têm medo de câmeras. Eles costumam escolher agentes de comunicação como alvos principais. Já os titushky, porém, podem fazer o que quiserem e ninguém consegue se proteger deles.

PT: Quais são as suas exigências?

PPUA– eleições imediatas para presidente e para o parlamento;

– todos os deputados envolvidos na “adoção de leis” feita no dia 16 devem ser processados com todo o rigor da lei;

– todas as pessoas implicadas na brutalidade policial (a polícia de choque, o ministro do interior etc.) devem ser processados com todo o rigor da lei;

– todas as leis do “16 de janeiro” devem ser revogadas.

PT: Vocês não têm medo de que a radicalização dos protestos acabe beneficiando Putin? Você acha que exigências como as que você apresentou, a respeito do julgamento de parlamentares que estiveram envolvidos na “adoção de leis” no 16 de janeiro, possam significar que vocês não deixarão a eles qualquer saída? Forçando-os, consequentemente, a buscar a ajuda de Moscou

PPUA: Sim, sabemos disso. No entanto, Putin não é o nosso principal problema. Em caso de radicalização, as pessoas nas ruas vão entrar em confronto com forças especiais da polícia fortemente armadas e vai ser uma carnificina. Você já viu o que eles são capazes de fazer com os manifestantes. Você diz que os membros do parlamento não terão qualquer “rota de fuga”, mas eles já a perderam. É por isso que continuam a tentar reprimir os protestos.

PT: Vocês têm membros no leste do país? E, caso tenham, vocês estão em contato com eles? Eles os apoiam?

PPUA: Sim. Todos estamos buscando uma ampliação de nossos direitos civis. Sendo assim, não importa qual partido tem mais poder e quem é nosso presidente. Nenhum de nós apoiaria alguém que quisesse poder decidir sobre aquilo que as pessoas têm ou não permissão para falar. É errado nos dividir entre os que vivem no leste e os que vivem no oeste. Esses são os tipos de métodos utilizados pelas autoridades para ludibriar as pessoas. “Dividir para imperar”…

PT: Você mencionou anteriormente em nossa conversa que ensina aos manifestantes sobre segurança nas comunicações. Pode explicar mais sobre isso?

PPUA: As pessoas não pensam muito sobre segurança quando navegam na Internet. Elas utilizam senhas simples e não se preocupam com conexões não seguras (HTTP), abrindo assim as portas para que sejam hackeadas com rastreadores (sniffers). Recebemos um monte de perguntas sobre anonimizadores e criptografia – coisas como “é seguro usar tor” e “quais as melhores maneiras de salvar os dados pessoais”. O objetivo principal é mostrar como serviços como Dropbox ou Gmail são capazes de acessar tudo o que você armazena neles etc.

PT: Vocês planejaram como lidar com a eventualidade de um blecaute da internet ou da rede de celulares?

PPUA: Se cortarem a rede de fibra ótica, ainda podemos usar redes locais e reviver a rede FIDO com seu sistema BBS. Não acreditamos que todos os provedores de internet acatariam tão facilmente a decisão de impor um blecaute. Por mais que todos os principais provedores, que são controlados pelo Partido das Regiões (partido que controla o governo), cortassem as comunicações, ainda restariam vários provedores menores. Alguns deles já vêm apoiando os protestos.

PT: Como você acha que outros partidos piratas poderiam apoiar os protestos?

PPUA: Todos precisamos sentir o apoio do mundo exterior. Muitos acham que a Europa não vai fazer nada para nos ajudar. Seria formidável ver mensagens de vídeo, por exemplo, que poderiam ser projetadas na tela principal da Maidan (Maida Nezalezhnosti, ou Praça da Independência, centro dos protestos em Kiev) e por meio de nossos meios de comunicação independentes.

 

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O Partido Pirata polonês já postou um vídeo de apoio ao PPUA no YouTube:

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