Nota do Partido Pirata da Argentina sobre a Venezuela

fev 23, 2014 | Artigos e Publicações, Manifestações, Partido Pirata Internacional | 2 Comentários

Segue tradução da nota publicada em 21/02/2014 pelos PIRATAS da Argentina sobre a situação na Venezuela:

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Nossa posição diante dos protestos na Venezuela

Os Antecedentes

Em 12 de fevereiro de 2014, como parte do Dia da Juventude Venezuelana, milhares de estudantes de colégios secundários e universidades saíram as ruas para exigir que o governo venezuelano garantisse o abastecimento, a segurança do cidadão (grupos armados protagonizaram atos de violência em algumas faculdades e nas ruas), o fim da repressão e da criminalização dos protestos. Também se manifestaram para pedir pela liberdade de seus companheiros detidos durante o fim de semana anterior no estado de Táchira, após um protesto estudantil contra o governador tachirense.

No marco deste protesto, alguns dirigentes da oposição, entre eles os líderes de ultradireita Leopoldo López, María Corina Machado e Antonio Ledezma, tentaram capitalizar o descontentamento pedindo a renúncia de Maduro e seus ministros, ação essa que foi difundida pelos meios de informação hegemônicos que silenciaram as reivindicações dos estudantes e, assim, promoveram a ala dura da direita.

Já no final deste protesto, grupos de encapuzados desencadearam a violência que terminou com uma nova repressão generalizada e desmedida por parte do governo.

Nossa posição

Nós do Partido Pirata da Argentina repudiamos a repressão exercida pelo governo de Maduro, assim como a censura que se pode comprovar em alguns provedores de internet venezuelanos. O direto a manifestar-se, a comunicar-se e a informar-se livre e sinceramente, são direitos humanos básicos que devem ser respeitados, em especial por um governo que se diz socialista.

Também repudiamos os grupos violentos que tentam criar um clima de instabilidade que só será útil à direita, que tenta acelerar a saída de um governo que, queira ou não, foi eleito democraticamente. Repudiamos ainda os meios de comunicação oportunistas, que querem impor seus homens e seus objetivos silenciando as verdadeiras reclamações populares.

Pedimos que os estudantes não permitam que suas lutas sejam equivocadamente interpretadas e apropriadas por personagens como López e muitos de seus objetivos antidemocráticos, que os estudantes sigam promovendo canais de comunicação confiáveis para nuclear as opiniões da comunidade estudantil, para fazer frente assim, à desinformação hegemônica, e que continuem com a luta pacífica, sabendo que a violência apenas dará poder à direita golpista e dará fundamentos ao governo para reprimir e cortar a liberdade de expressão.

2 Comentários

  1. ayres

    Não entendi.. então vcs no final falam o seguinte “continuem com a luta pacífica, sabendo que a violência apenas dará poder à direita golpista e dará fundamentos ao governo para reprimir e cortar a liberdade de expressão.”… ENTÃO A CULPA DO GOVERNO TER CORTADO INTERNET DO POVO, É DAS MANIFESTAÇÕES ??? Vcs com essa frase estão claramente apoiando o governo do MADURO!!! Segue uma foto da modelo morta e vcs acham que isso não é revoltante ?

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    • Kannon

      Este texto é do Partido Pirata da Argentina.

      Eis um texto escrito por piratas do Brasil, realçando opinião dos piratas da Venezuela:

      Por Maurinho Medeyer e Sebastião Hassan Ali Nascimento.

      SOBRE AS RECENTES MANIFESTAÇÕES NA VENEZUELA

      O Art. 3º do Estatuto do Partido Pirata do Brasil contém nosso núcleo central de valores, oferecendo um sentido de “identidade pirata” àqueles que os defendem (mores, a tradução latina de moral, que privilegia o sentido comunitário da atitude valorativa), explicitando uma atitude que todo Pirata deve ter.

      Nenhum Pirata deve se calar ou tergiversar quando vê nossos princípios sendo vilipendiados ou violados, em qualquer lugar, sob qualquer circunstância ou pretexto. Essas “Cláusulas” não são “Pétreas” levianamente. Quando nossos valores piratas estiverem em jogo, não deve e não pode haver inércia oportunista em função de qualquer compromisso ideológico que seja.

      É com essa preocupação em mente que nos manifestamos publicamente com relação ao que vem acontecendo na Venezuela nos últimos dias. Segundo informações do Partido Pirata da Venezuela, os Direitos Humanos, a Liberdade de Expressão, a Transparência Pública e o Livre Acesso à Informação (Cláusulas Pétreas I, VIII, V e III, respectivamente) estão sendo sistematicamente violados.

      Nas palavras de um dos porta-vozes do próprio Partido Pirata da Venezuela: “Os protestos têm sido pacíficos e as únicas armas de fogo têm sido as das “forças de ordem do estado”; o Partido “confirma a morte e o desaparecimento de alguns manifestantes” (violação da Cláusula I); o Partido Pirata da Venezuela “apoia uma mudança definitiva no sistema de governo” e que “cesse a violência e a corrupção”; o Partido “rechaça toda forma de violência”, exige “o direito de protestar” (violação da Cláusula VIII) e que “cessem todas as atividades violentas”. O Partido Pirata da Venezuela ainda confirma que os meios de comunicação e as mídias digitais estão sendo censurados por lá: “o bloqueio de informações por parte do governo impede qualquer opinião completa e imparcial” sobre as manifestações (violação das Cláusulas VIII, V e III).

      O §2º do mesmo artigo 3º de nosso Estatuto, que evidencia nosso núcleo de valores, também nos oferece um norte ético às célebres “9 Leis Piratas”, ao nos mostrar que um verdadeiro Pirata jamais as tentará abolir ou delas retirar a eficácia, relativizando um bem que nos é absoluto, sob pena de perder a identidade que faz dele um “Pirata”, em essência.

      É com esse espírito que oferecemos nossa solidariedade internacional aos manifestantes venezuelanos que estão nas ruas, afirmando seu direito legítimo de resistir à opressão, e expressamos nosso pleno apoio à defesa das liberdades civis e ao combate a todas as formas de censura e autoritarismo. E nosso repúdio a esse tipo de conduta se estende a todos os contextos em que a opressão do estado contra os cidadãos está assumindo formas violentas e insuportáveis como na Síria, no Egito, na Ucrânia, no Bahrein, na República Centro-Africana, no Sudão do Sul e em Darfur.
      Evidenciamos que é precisamente para momentos como esse que precisamos aprofundar o debate sobre Cláusulas Pétreas ainda mais específicas, que expressem nosso compromisso com a luta por democracia em todo lugar, sob qualquer circunstância.

      AHOY!

      Maurinho Medeyer
      Sebastião Hassan Ali Nascimento

      Responder

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