Ativista pirata catalão pode pegar quatro anos de prisão por participação em greve

set 9, 2015 | Notícias, Tradução | 0 Comentários

Por Lorena Müller, chairwoman da Confederación Pirata.
Tradução feita de: http://piratetimes.net/es/pirata-catalan-perseguido-por-participar-en-una-huelga-general/
Versão em inglês: http://piratetimes.net/catalonian-pirate-prosecuted-for-general-strike-participation/

Imagem: CC BY David Castro

No dia 14 de novembro de 2012, o Estado espanhol foi atingido por uma greve geral. Outros países europeus também tiveram suas greves por conta da convocação de uma grande greve europeia contra o “austericídio” [termo usado para designar a “morte causada por medidas de austeridade”]. Na Espanha, a manifestação contra a Troika [FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia], a reforma da Lei do Trabalho e os cortes nos serviços públicos e nas pensões.

A manifestação é lembrada como uma das atuações mais violentas das forças de segurança do estado e do governo contra a população. Por conta dessa greve, mais de 150 pessoas foram detidas. A violência foi tão grande que uma mulher que passava pelo local do ato perdeu um olho devido ao impacto de uma bala de borracha – seu nome é Ester Quintana.

Uma das pessoas detidas era um pirata: Francisco Garrobo, do Pirates de Catalunya. Ele é Coordenador Regional e trabalha fornecendo informações e materiais para as diferentes regionais e incentivando linhas de trabalho e encontros entre elas. Pirates de Catalunya é uma organização descentralizada, de baixo para cima, onde as regionais são autônomas mas trabalham entre si e em rede.

Francisco é um ativista bem conhecido em Nou Barris, bairro onde reside em Barcelona. É membro ativo de coletivos contra despejos e desocupações. Também colabora com o CSO La Vaina [espaço autogestionado]. Esteve envolvido desde o início no Movimento 15M, participando de diversas assembleias. Garrobo também é bastante ativo no Pirates de Catalunya, na Confederación Pirata e na confluência de sua cidade: CUP-Capgirem Barcelona (onde participa como pirata).

No dia seguinte à greve, Francisco foi detido em sua casa pelos Mossos d’Escuadra (forças repressivas da Catalunha). A investigação está sob responsabilidade da juíza Carmen García Martínez, conhecida pelo caso 4F (Ciutat Morta), onde decidiu mandar para a cadeia 4 jovens inocentes, incluindo Patricia Heras, poeta que se matou como consequência disso. Essa juíza também esteve envolvida em outros casos de detenções decorrentes da Greve Geral do 29 de maio, e participa no julgamento de ativistas que realizaram uma ação na Bolsa de Valores.

O procurador e o governo catalão [ou “Generalitat de Catalunya“] acusam Garrobo de ser o autor intelectual de diversas “desordens públicas” ocorridas durante o dia da greve e de ter cometido um delito contra a “segurança viária”, sendo a pena uma multa de 7.700 euros e 4 anos de prisão.

Movimentos Sociais de base e o Movimento Pirata denunciam a repressão por parte do estado espanhol contra ativistas, pessoas trabalhadoras e sindicalistas de base. A nova Lei da Mordaça ataca a democracia, os direitos humanos e as liberdades políticas e colocam a Espanha na mira de organizações internacionais como a ONU, a secretaria de Direitos Humanos da União Europeia, a Anistia Internacional e muitas outras. Conversávamos sobre essa situação no podcast nº7 da Ordem do Unicórnio Pirata.

Tanto os Movimentos Sociais como o Movimento Pirata exigem que Francisco Garrobo seja plenamente inocentado dos eventos relacionados ao piquete da Greve Geral do dia 14 de novembro. Além disso, denunciam a perseguição e repressão aos movimentos sociais e de pessoas trabalhadoras, exigindo a interrupção imediata de atividades nada apropriadas para uma real democracia.

O caso de Garrobo é totalmente absurdo. Mostra o que está acontecendo com ativistas na Espanha e na Catalunha. Sabemos que, em Barcelona e Madri, mas também em outras cidades, existem listas negras tanto da polícia quanto das Delegações do Governo [órgãos cuja função principal é representar o governo nas comunidades ou cidades autônomas correspondentes], e que praticam espionagem com frequência contra ativistas. Temos uma democracia baseada na ditadura; boa parte de nosso judiciário foi composto através de nomeações do ditador genocida Franco em sua época. Precisamos construir uma democracia de, para e pelas pessoas, baseada em direitos humanos. Sabemos que isso também ocorre em outros países da região mediterrânea.

Chega de prisões políticas e ideológicas!

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