A desocupação e demolição de imóveis na Favela Metrô-Mangueira, na zona norte da cidade, feitas nesta quinta-feira (28), resultou em forte repressão por policiais militares à moradores, comerciantes e estudantes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Os alunos da universidade se juntaram às famílias desalojadas contra a ação da polícia.
As primeiras casas, lares e lojas começaram a ser derrubadas no início da tarde, com a ajuda de tratores da prefeitura, com objetivo de reurbanizar o local, próximo ao estádio Maracanã, onde ocorrerá a cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2016.
As demolições revoltaram os moradores, trabalhadores e comerciantes que vivem ou atuam no local, onde existem dezenas de pequenas oficinas mecânicas e lojas de autopeças. Eles diziam que a prefeitura descumpriu acordo de primeiro construir no terreno um polo automotivo, em substituição às antigas oficinas, e só depois demolir os imóveis. Também um grande galpão de reciclagem foi posto abaixo, deixando várias pessoas desempregadas e prejudicando o trabalho de dezenas de catadores, que vendiam os materiais recolhidos nas ruas.
No início da noite, estudantes da Uerj foram dar apoio aos moradores e comerciantes. Entrou em ação a Tropa de Choque da Polícia Militar (PM), que perseguiu os alunos até o campus da universidade, que fica próximo à Favela do Metrô-Mangueira. Ao tentarem entrar no prédio, os estudantes encontraram as portas fechadas, a mando do reitor, o que gerou desespero no grupo, dando inicio a um confronto com os seguranças da universidade, que os repeliram com jatos de água.
“Nós fomos dar apoio aos moradores da comunidade em um ato pacífico e de repente a Tropa de Choque veio correndo em nossa direção, jogando bombas de gás. Vários moradores também vieram fugindo e fomos nos refugiar na Uerj. Aí os seguranças fecharam as portas, o que gerou um confronto por causa do nosso desespero”. Relatou uma estudante.
Os comerciantes que perderam ou estão em vias de perder seus negócios na favela também manifestaram revolta com a demolição dos imóveis. “Chegaram com os tratores quebrando tudo. Estão tratando pessoas de bem, que trabalham há mais de 30 anos aqui, como bandidos. O polo automotivo é um decreto de 2013, que os comerciantes aguardavam e até fizeram cursos no Sebrae para se qualificar. Mas a promessa de trabalho é isso aí, tudo jogado no chão com trator”, disse um dos comerciantes.
No vídeo abaixo é possível ver um pouco dos eventos ocorridos na Uerj:
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