Reforma politica voto distrital que tal comecar a pensar em liquid feedback

jul 1, 2013 | Notícias | 1 Comentário

link da reportagem http://defolego.com/2013/07/01/reforma-politica-voto-distrital-que-tal-comecar-a-pensar-em-liquid-feedback/

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O sistema de representatividade democrática está sendo mais discutido do que nunca no Brasil. Por isso, é uma boa hora para conhecer o Liquid Feedback, sistema de votação adotado pelo Partido Pirata. O nome ‘Piratas’ certamente dá calafrios em conservadores que pedem “seriedade” na política, mas o negócio é pra valer. O grupo já elegeu parlamentares em vários estados europeus (há piratas nos congressos nacionais de Suécia, Islândia e República Tcheca e representantes regionais em outros países). O partido tem origem entre os fundadores do site de compartilhamento de arquivos Pirate Bay. A principal plataforma política: transparência.

Antes de explicar como funciona (e também comentar suas imperfeições), mostro a entrevista que fiz com a deputada islandesa Birgitta Jónsdóttir sobre o Liquid Feedback – que em português pode ser traduzido como “avaliação líquida” ou “resposta líquida”. É inspiradora. O papo foi gravado em um café de Reykjavík que funciona como um local de reuniões dos piratas locais – a conversa faz parte originalmente de um outro projeto que lançarei em breve. A entrevista tem pouco menos de 4 minutos e vale a pena conhecer o conceito e a posição de Birgitta sobre por que o sistema democrático de hoje já não atende às nossas demandas. Confira o vídeo elogo em seguida veja o infográfico com a explicação do sistema Liquid Feedback:

E abaixo você tem uma ideia de como funciona o Liquid Feedback (infográfico inspirado em material da revista ‘Der Spiegel’ e do site OpenLife.cc):

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Ou seja, o Liquid Feedback é uma forma de criar conexões mais próximas entre uma ponta (o eleitor) e a outra (o parlamentar). E de fazer com que a voz do eleitor seja ouvida por seu representante mesmo fora do período de eleições. Senadores e deputados terão autonomia para votar do jeito que quiserem dentro do Congresso, mas podem ficar mal na foto caso decidam não seguir a “voz de Deus”.

Há, no entanto

1. registros de quebra-paus homéricos na internet em etapas de discussão de uma determinada proposta (ou seja, o entendimento às vezes passa longe);

2. dúvidas a respeito da confiabilidade na contagem de votos se mais pessoas e mais interesses entrarem futuramente no cenário. Crackers mal-intencionados, com conhecimentos sobre a estrutura da votação, podem melar o resultado;

3. pouco controle sobre quem participa. O registro como “eleitor” no Liquid Feedback dos piratas alemães ainda se fia na boa fé de seus usuários: “você não pode passar os dados de seu login a uma outra pessoa”. Não que o alemão seja incorruptível, mas imagine a participação em uma votação do brasileiro adepto dos dedos de silicone;

4. a chance de que o parlamentar se torne um mero office-boy das decisões do Liquid Feedback.

Quanto a uma outra possível crítica, a de delegar votos para seus conhecidos, caso você não esteja interessado em se envolver em um tema: isso pode soar ruim, mas a maneira como confiamos nossos votos hoje é melhor, já que a imensa maioria tem dificuldade de lembrar em quem votou nas últimas eleições?

De qualquer forma, leve algo em conta: é um projeto em constante desenvolvimento (o Partido Pirata da Alemanha já trabalha com uma variação, o Pirate Feedback), com melhorias periódicas no software. É um excelente ponto de partida para pensarmos como vamos influenciar as decisões políticas daqui para frente. Como disse a deputada islandesa e como demonstraram as manifestações no Brasil, há algo no sistema democrático de hoje que não está funcionando tão bem. Há que pensar mais longe.

Mais informações no site oficial do Liquid Feedback.

Infográfico e diagramação de Vanessa Marques.

1 Comentário

  1. Bruno Pio

    O mais próximo que temos hoje no Brasil do liquid feedback é o E-cidadania (do Senado Federal – http://www12.senado.gov.br/ecidadania). Lá é possível sugerir ideias para Leis/Audiências Públicas, mas elas precisam de o apoio de pelo menos 20.000 pessoas, em cerca de 4 meses, para que chegue aos Senadores, para que a ideia seja avaliada por eles.

    Responder

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