OPINIÃO: Vale a pena atropelar as pessoas com deficiência para o bem delas?

nov 30, 2015 | Artigos e Publicações, Notícias, Opinião PIRATA | 6 Comentários

por Hassan Ali

É praticamente gritante que a campanha que foi lançada hoje em Curitiba em nome de um suposto Movimento pela Reforma dos Direitos (MRD) é parte de um marketing viral.

Ubuntu?

Muitos elementos denunciam isso:

  • a sigla do movimento ‘MRD’ é ‘merda’ escrito sem as vogais;
  • o símbolo é igual ao do Ubuntu (ah, os danos morais que teriam de ser pagos se não fosse uma campanha viral);
  • o design dos cartazes é profissional e todos os textos são escritos sem erros gramaticais (algo inédito nas usuais campanhas discriminatórias);
  • os autores foram mantidos anônimos pelos sites e pelas agências envolvidas nos anúncios, arriscando eles mesmos serem implicados em denúncias pelo conteúdo divulgado (não fariam isso se não soubessem que se trata de uma campanha viral);
  • os autores vão apagando da página todos os comentários toscos e deixando só a indignação legítima, que alegam que será encaminhada para futuras iniciativas legislativas (só isso já revela um deslize na campanha, indicando que pretendem utilizar a indignação gerada contra a campanha para fundamentar algo positivo mais à frente);
  • a imprensa já sabia da coisa antes mesmo deles terem meia dúzia de curtidas, o que indica que teve release de imprensa antes do lançamento (os portais locais já estavam publicando a coisa quando a campanha tinha apenas duas curtidas, provavelmente dos próprios envolvidos).

Além de tudo isso, cabe lembrar que, ainda nesta semana, no dia 3 de dezembro, será celebrado o Dia Internacional das Nações Unidas Para As Pessoas com Deficiência, e que os temas deste ano são ‘cidades inclusivas e acessíveis’, ‘aperfeiçoando dados e estatísticas’ e ‘deficiências invisíveis’.

Tendo em vista tudo isso, tenho a impressão de que já não é mais a questão de saber se é ou não marketing viral, mas de saber quem foi que teve a brilhante ideia de promover conteúdos capacitistas durante vários dias, mesmo que sob o pretexto de se denunciar esse conteúdo, mas, acima de tudo, de saber se existe chancela pública ou mesmo dinheiro público envolvido nisso.

Porque, afinal de contas, envolver fundos públicos na criação e divulgação de uma campanha que dissemina conteúdos discriminatórios, com o único objetivo de gerar um efeito de choque e possivelmente de permitir aos criadores disputar prêmios de marketing social e ganhar reconhecimento e visibilidade para si mesmos, é algo que ultrapassa o limite daquilo que seria aceitável mesmo para uma campanha de uma agência privada, quanto mais se for uma campanha promovida por agentes públicos.

Tampouco seria surpreendente se os criadores da campanha não acabassem revelando que a ideia foi gestada ou aprovada ‘com a participação de pessoas com deficiência’ que ‘trabalham aqui na agência e até ajudam às vezes com a criação’ e que ‘não viram problema nenhum na campanha’ e até ‘deram a maior força’, mas que terão de desempenhar o papel de tokens para debelar a justificada revolta do público com a completa falta de noção dessa campanha.

É intolerável ver essa campanha desastrada se desdobrando por mais 3 dias. Já não importa saber o que será revelado no dia 3 de dezembro. Importa saber quem é responsável por promover a visibilidade de conteúdos discriminatórios ao longo de vários dias, mesmo que seja sob o pretexto de dar visibilidade à causa, que, no caso, é muito difícil de imaginar que não seja tão somente a causa própria dos próprios marketeiros.

6 Comentários

  1. Hugo Oliveira

    Sou a favor em parte desse movimento, principalmente na questão que Obriga as empresas a empregarem deficientes. Quem não tem experiência e quer iniciar no mercado de trabalho em sua área de formação, não encontra mais vagas disponíveis, pois muitas estão destinadas a PCD ou PPD e p/ as vagas que restam (na área administrativa por exemplo) são contratados profissionais com experiência anterior. É um absurdo essa situação.
    Estou a procura de um abaixo assinado na internet a favor da redução da lei de cotas par deficientes nas empresas tendo em vista todo impacto negativo que ela tem causado na sociedade, mas não consigo encontrar em parte alguma, como a pessoas ainda não perceberam o quão grave isso é para geração de empregos do país? Mais uma vez os políticos criaram uma lei sem qualquer estudo sério e que acabou por prejudicar o povo, tudo para reduzir os gastos do da previdência com benefícios aos deficientes, pois já que trabalham não precisão receber mais do INSS, esse pensamento está correto, mas não é justo com outras parcelas da sociedade e por isso acredito que esta pauta deveria ser debatia amplamente antes de sua aprovação.

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  2. Rafael Gomes

    “Porque, afinal de contas, envolver fundos públicos na criação e divulgação de uma campanha que dissemina conteúdos discriminatórios, com o único objetivo de gerar um efeito de choque e possivelmente de permitir aos criadores disputar prêmios de marketing social e ganhar reconhecimento e visibilidade para si mesmos, é algo que ultrapassa o limite daquilo que seria aceitável mesmo para uma campanha de uma agência privada, quanto mais se for uma campanha promovida por agentes públicos.”
    .
    Este é um argumento que necessita ser demonstrado, especialmente por se sustentar em uma única premissa que pode, diga-se, ser perfeitamente falsa.

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  3. armando netto

    perfeita analise meu amigo, acho que fiquei mais irritado quando vi que era um “bait” feito Ja Pensando Em Prêmio do que nos primeiros momentos quando vi o outdoor.

    se fosse uma campanha pro dia ds consciência negra, botariam outdoor com ofensas racistas??? opa, quer dizer….. ja fizeram esse também

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  4. Agnaldo Silva Nunes

    PS faltou o E e o A na sigla deste movimento “MERDA”

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  5. Agnaldo Silva Nunes

    Mais um discurso nazista

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  6. Armação do Luzi vendido martins

    Quem posto isso foi o DePUTAdo vendido ( vendeu seu voto contra aposentados estaduais e apoio PM bater nos trabalhadores) ..
    isso fede armaçaõ dele

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