Opinião: STF prendeu banqueiro e senador pensando no seu próprio rabo

dez 1, 2015 | Artigos e Publicações, Notícias, Opinião PIRATA | 3 Comentários

Prisões de banqueiro e senador ocorreram antes da hora

por KaNNoN

Senador Delcídio e Ministro Fachin em abraço caloroso

Senador Delcídio e Ministro Fachin em abraço caloroso

O Senador Delcídio, líder do governo Dilma, produziu uma combinação explosiva: falou em influir politicamente na decisão de ministros do STF e citou o fato de um bilionário banqueiro (André Esteves, BTG Pactual) ter em mãos uma cópia do acordo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, que deveria estar em absoluto sigilo.

Delcídio foi preso por falar demais e sua prisão imediata pode ter acabado por silenciar não apenas ele, mas também André Esteves. Daqui em diante, ambos se limitarão a só falar o que os investigadores já sabem e, pelo jeito, vem aí novos acordos de delação premiada.

Muitas vezes, investigações de assuntos mais delicados ou que envolvem esquemas em rede são conduzidos por meses pela Polícia Federal, monitorando os suspeitos (com autorização judicial) por meio de escutas ou outros métodos disponíveis. Qual seria então o motivo para se colocar sob custódia o que parece ser um elo fundamental da investigação antes que sejam reunidas outras provas relevantes para o processo?

A chegada desta gravação à imprensa antes das prisões colocaria os próprios juízes Gilmar Mendes e Dias Toffoli, responsáveis pela homologação das prisões, além de Luiz Edson Fachin, sob suspeição diante da opinião pública, efeito colateral da própria exposição midiática da popularesca operação Lava Jato.  Soma-se a isso o forte apelo que esta tem obtido junto à população, que tem vinculado suspeitas de corrupção a doações a partidos, agentes políticos e seus parentes e instituições, como no caso do Instituto Lula e Instituto FHC.

André Esteves

O banqueiro queridinho da mídia é dono de 5,9% do portal UOL, empresa do grupo Folha, que edita a Folha de S. Paulo. Em 2013 hospedou Luis Inácio Lula da Silva no hotel The May Fair, um dos mais caros de Londres. Foram várias viagens pagas pelo banqueiro que o contratou para dar palestras. Seis meses depois foi a vez do senador Aécio Neves que ficou em lua de mel no luxuoso Waldorf Astoria, em Nova York, com diárias bancadas pelo banco. O tucano também foi contratado para palestras. Em 2014, seu banco doou R$ 9,5 milhões diretamente para a campanha de reeleição de Dilma Rousseff, e R$ 5,28 milhões diretamente para a campanha de Aécio Neves. Já Eduardo Cunha, levou 500 mil. Ao menos, estes foram os valores declarados.

Esteves idolatrado na capa de várias revistas

Esteves idolatrado na capa de várias revistas

Bancos e Juízes

Enquanto se mantêm os holofotes sobre as escusas doações de empresas a partidos, os bancos e juízes vivem uma verdadeira lua de mel, habitualmente em resorts de luxo: congressos e confraternizações de associações de magistrados e outras funções de poder são patrocinadas por bancos, interessados mais que diretos em causas que vão do tributário ao trabalhista, a título de “aprimoramento” sob todo tipo de pauta genérica do tipo “o papel do magistrado no século XXI”.

O congresso da Associação dos Magistrados Brasileiros de 2013 teve patrocínio de grandes bancos, empresas do setor energético e indústrias. http://www.amb.com.br/congresso2012/

O congresso da Associação dos Magistrados Brasileiros de 2013 teve patrocínio de grandes bancos, empresas do setor energético e indústrias.

Curiosamente, a Febraban – Federação Brasileira de Bancos, da qual André Esteves é membro – pagou encontro de juízes em um resort de luxo na Bahia. Mas os encontros não se limitam a pequenas férias patrocinadas por potenciais investigados: vão de eventos em resorts a congressos internacionais, passando até mesmo por cruzeiros.

No país que adotou o bordão “doação de empresa é investimento”, é possível encarar com bons olhos tamanha generosidade de bancos e outros grandes investidores aos entes responsáveis por sua fiscalização e julgamento?

Quem mais pode ser investigado?

Apesar de a prisão silenciar as conversas de bastidores de Delcídio, a gravação da reunião de Nestor Cerveró, providenciada por seu filho Bernardo, com o advogado Edson Ribeiro em que defendia o ex-diretor, e de Diogo Ferreira – chefe de gabinete de Delcídio — contém informações suficientes para outras investigações.

Romário e a conta da Suíça

A conta do Senador Romário, segundo “matéria” das “páginas amarelas” de VEJA, estava no banco BSI. O BSI foi comprado por André Esteves. Romário diz ter ido a Suíça onde supostamente teria constatado que nenhuma conta em seu nome existia por lá.

Eduardo Paes, Delcídio, Romário e Pedro Paulo: "Tamo junto, Peixe!"

Eduardo Paes, Delcídio, Romário e Pedro Paulo: “Tamo junto, Peixe!”

No entanto, na gravação o advogado de Nestor Cerveró diz a Delcídio que “teu amigo que comprou o banco” ajudou a inocentar Romário e, com isso, garantir seu apoio à candidatura de Pedro Paulo (que ganhou alcunha de “agressor de mulheres” e é o candidato de Eduardo Paes para prefeitura do Rio de Janeiro).

Dilma sabia de tudo

A aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas é citada nos diálogos. “Dilma sabia de tudo de Pasadena. Ela me cobrava diretamente. Pá Pá Pá. Fiz várias reuniões”, diz um trecho da minuta da delação sigilosa de Cerveró lido pelo senador Delcídio do Amaral. A compra de Pasadena é considerada um dos negócios mais desastrosos da Petrobras e foi firmado em 2006, quando Dilma presidia o Conselho de Administração da estatal.

Tem pena de tucano no ’Petrolão’

O esquema de corrupção na diretoria internacional da Petrobras se iniciou na diretoria de Gás e Energia na gestão do então filiado do PSDB, Delcídio Amaral,  durante o governo FHC. Nestor Cerveró era braço direito de Delcídio quando este foi diretor da Petrobras entre 1999 e 2001.

No grampo feito por Bernardo, Delcídio manifestou preocupação com a possibilidade do ex-diretor delatá-lo por questões relacionadas a contratos da Alstom dos tempos do governo tucano. Bernardo e o advogado Edson confirmam que Cerveró tinha dinheiro na Suíça, recebido da Alstom, e foram descobertos lá há algum tempo, mas conseguiram arquivar o processo fazendo acordo confidencial com o Ministério Público de lá.

O dinheiro ficou com o governo suíço.  No Brasil ninguém soube de nada.

Agora todos nós sabemos sobre muita coisa.

3 Comentários

  1. Luís Gustavo

    Olá Kannon!
    Meu comentário foi só apontar a fonte de onde retira a substância do seu argumento. Os recursos retóricos usados se lêem nas fontes e servem aos propósitos apontados. Cortina de fumaça sua que cobre toda República pra não se ver o fundamental. Vc não precisa tentar, vc consegue. Se têm o direito de usar a marca Pirata, claro que vai usar. E o petismo precisa de novas naus pra escapar do naufrágio que se avizinha.

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  2. Luís Gustavo

    Artigo escrito na linha Brasil 247, é uma pena que no Brasil queiram construir a ideia Pirata como linha auxiliar ou desaguadouro do petismo agonizante. Se esse autor, Kannon, manda alguma coisa na organização é Game Over pro projeto Pirata.

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    • Kannon

      Olá Luís Gustavo!
      Sua crítica carece de qualquer substância.
      Tente melhor da próxima vez!
      Abraços!

      Responder

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