Líder do Partido Pirata é preso por recitar poesia

abr 23, 2016 | Destaque, Notícias | 0 Comentários

Durante uma manifestação em apoio ao comediante Jan Boehmermann, Bruno Kramm, o coordenador da divisão de Berlim do Partido Pirata alemão, foi preso por “insultar um representante de um Estado Estrangeiro” ao citar um verso de uma poesia satírica que criticava Erdogan, presidente da Turquia.

A Polícia Alemã prendeu Kramm enquanto ele estava conduzindo uma “análise literária” do poema satírico do comediante alemão em frente à Embaixada da Turquia em Berlim durante um protesto feito sob o slogan “Nenhum Poder para Erdogan, Liberdade ao invés de Erdogan” [Keine Macht dem Erdowahn,  Freiheit statt Erdogan], reportou o jornal Morgenpost.

O Político citou alguns versos da agora infame obra que colocou Boehmermannem em problemas, denominado “Chutando Curdos, socando cristãos” (Kicking Kurds, beating Christians) que se refere à relatada perseguição das autoridades Turcas contra minorias.

Kramm foi cercado por diversos policiais enquanto ele estava recitando os versos e foi levado em custódia. A polícia dispersou o encontro logo depois.

Um dos ativistas, Franz-Josef Schmitt, postou uma foto da van da polícia, dizendo que ninguém estava autorizado a visitar Kramm.

De acordo com o jornal, a polícia acusou Kramm de violar uma seção raramente usada do código criminal Alemão, especificamente a seção 103, que proíbe insultar “orgãos e representantes de Estados estrangeiros”.

“Quando as pessoas criticam sutilmente o governo na Turquia, elas são perseguidas, surradas ou desaparecem. Em contraponto a isso é permitido ao ditador Erdogan restringir significativamente o direito de reunião e a liberdade de expressão na Alemanha meramente por causa de uma declaração, a de que ele violenta Curdos e Cristãos”, escreveu Kramm em uma declaração publicada no site oficial do Partido Pirata Alemão.

“Quem faz tais pessoas agentes da desumana política de refugiados não deveria estar surpreso quando direitos fundamentais desaparecerem também na Europa”, ele adicionou, ao se referir ao fortemente criticado acordo de imigração UE-Turquia, que foi recentemente elogiado pela chanceler alemã Angela Merkel.

A polícia tinha divulgado que autorizaria a manifestação sob a condição de que os ativistas não poderiam citar quaisquer versos da poesia de Boehmermann, porque “isso poderia constituir uma ofensa criminal de difamação”, afirmou o porta-voz da polícia Stefan Redlich, como citado pelo Morgenpost.

Responsável pela manifestação, Schmitt escreveu que “a polícia havia explicitamente nos proibido de efetuar uma análise dialética crítica da poesia de Boehmermann… sob a pena deles executarem ações criminais e remover o microfone“.

O partido afirma que esteve efetuando demonstrações semanais em frente à embaixada turca nas sextas-feiras para protestar contra o “terror sistêmico da censura, opressão, depotismo e assassinatos do ditador Erdogan”.

Mais cedo na Sexta-Feira, Merkel admitiu que foi um erro expressar sua opinião pessoal sobre a poesia do comediante alemão, que ela condenou por ser “deliberadamente insultante”.

“Em retrospectiva, isso foi um erro”, disse Merkel em Berlim na Sexta-feira, adicionando que ela temeu que seus comentários possam ser interpretados como “liberdade de opinião não é importante, que a liberdade de Imprensa não é importante”.

No entanto, ela não voltou atrás em autorizar o processo judicial do desrespeitoso comediante sob a seção 103, apesar da indignação pública.

’’Eu acredito que [permitir a investigação] foi correta, exatamente como antes”, ela ponderou, como citado pelo jornal Deutsche Welle. Boehmerman suspendeu seu show na última semana depois que Merkel atendeu os pedidos do Presidente Turco Erdogan de começar os procedimentos.

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