[Opinião Pirata]: Em que acreditar?

jul 26, 2016 | Artigos e Publicações, Eleições, Opinião PIRATA | 0 Comentários

por Alainclaire

As eleições municipais estão chegando e parece que tudo se repete. São santinhos sujando a cidade, carros de som com jingles irritantes e repetitivos, pessoas trabalhando com todo tipo de função. São cartazes e outdoors com sorriso alegres mostrando o melhor ângulo da pessoa. É tempo para ainda se ter esperança e acreditar que as coisa mudarão. É tempo das pessoas exigirem mudança na realidade em que vivem.

As promessas se confundem nas ideologias defendidas por partidos e candidaturas. Trabalho, Educação, Saúde, Transporte, Segurança são mantras defendidos unanimemente. Num discurso hipnótico onde um espectro divinal nos faz concordar com o que é dito de acordo com a nossa preferência política. As imagens nos encantam pois é lindo ver um Messias acenando para as esperanças das pessoas. O contato com a massa dá um ar de humildade e honestidade ao candidato. Ir na feira, jogar bola, ir nos templos religiosos, dançar esquisitamente, abraçar as pessoas e, claro, sorrir após beijar crianças são itens obrigatórios.

Mas não somente temos esses clássicos, existem também aquelas candidaturas que parecem ter um discurso mais coerente. Aquelas que até estão dentro de movimentos sociais. Aqueles que buscam de fato conhecer e estudar alternativas para a mudança. Tocam em temas polêmicos como aborto e educação relacionada a gênero e sexualidade. Falam sobre o Estado Laico e legalização da maconha contrariando o senso comum. E oriundas de militâncias em sindicatos, faculdades ou associações de moradores, deixam abundantes de detalhes a experiência vivida.

Então, em quem acreditar? São tantas pessoas, partidos e propostas. É uma dúvida entre a experiência, a tradição e a renovação e juventude. Bem, cabe ao eleitorado decidir né? Mentira! São possibilidades alienantes que fazem com que o principal não seja debatido: PODER. Visam sempre serem representantes do povo, massa, excluídos, minorias, interesses, trabalhador, mulheres, sociedade, valores tradicionais e da mudança. Nunca escapam da representatividade falida e promovem alternativas como autogestão. Não criam ferramentas eficazes para isso. Manutenção de privilégios e dos bons costumes, conquista de influências e de novos rumos para negócios familiares e fraternais, ou então ascensão política e econômica de alguns indivíduos são mascaradas nas candidaturas. Entre tantos argumentos, prevalece o poder como o objetivo maior. Independente do lado que se escolhe.

Se temos que acreditar em algo deve ser a coletividade. Sem mentores, líderes ou representantes. Buscar alternativas em comunidade e grupos para a solução real de problemas. Construir novos pensamentos e ações para este mundo. E, sim, reformular as coisas de maneira que todas as pessoas possam participar da construção política sem patrocínio ou patriarcado.

Então, se tiver mesmo que acreditar que ainda existe esperança na política, só será possível se você fizer parte dela. Entre nesses meios de todas as formas possíveis. Busque divulgar tal ideia e construir coletivos que deem algo além de voz e representatividade, que façam as pessoas acreditar que elas são peças fundamentais para um futuro melhor na política. Novos rumos, novos objetivos e novos pensamentos; é o constate caminho a ser feito. Pois a política precisa mais de novas ideias, ações coletivas e organização revolucionária, e não mais de velhas e segregacionistas crenças.

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