Democracia Pirata – Parte 2

jul 31, 2019 | Notícias | 0 Comentários

texto por Kenneth Maxwell

o texto a seguir é uma livre tradução de um dos ensaios do livro “Naked Tropics”, sobre o Brasil e a América Ibérica.

A frequente presença de moedas de ouro e prata espanholas nas narrativas piratas não foi acidental e ajuda a explicar o passado histórico e geográfico da pirataria, algo que, em grande parte, se encontra ausente do livro de Cordingly.

O surgimento inicial de corsários franceses, ingleses e holandeses nas águas caribenhas foi uma resposta das nações envolvidas na exploração marítima à imposição do monopólio dos Espanhois sobre o Novo Mundo e sua exploração das minas de prata no nordeste do México e o alto Andes.

Em meados de 1570, a prata Hispânico-Americana alimentou a grande demanda na Europa e Asia por cunhagem de moedas, além de metal para as artes decorativas. A prata espanhola teve um efeito enorme sobre o comércio e navegação do Atlântico e mais tarde do Pacífico.

A notícia das riquezas do Novo Mundo se espalhou depressa. Apenas dois anos depois da queda da capital Azteca em 1521, um pirata francês, Jean Fleury, capturou duas caravelas espanholas saindo do Cabo de São Vicente em Portugal e se deparou com um espantoso tesouro Azteca saqueado por Hernan Cortes: três enormes baús com lingotes de ouro, 200 quilos de ouro em pó, 300 quilos de pérolas, esmeraldas, topázios, máscaras de ouro adornadas com gemas, capacetes e vestes com penas.

Os corsários franceses rapidamente chegaram ao Caribe. O Capitão François Le Clerc, conhecido como “perna de pau” (Jambe de Bois) pela perna de madeira que ostentava, assaltou Santiago de Cuba em 1554, e os Ingleses, sob as formidáveis figuras de John Hawkins e Francis Drake, os imitaram.

Por volta do final do século dezesseis, com o objetivo de proteger os navios de assaltantes, os Espanhóis estabeleceram um sistema de comboios armados entre o Caribe e a Europa. O tesouro mexicano era embarcado a partir de Vera Cruz, enquanto a prata do Peru foi transportada de Nombre de Dios e posteriormente para Portobelo, no Ístimo do Panama. Em Havana os galeões revezavam e levavam água e suprimentos para a sua viagem de volta para a Espanha. As frotas em partida da Europa repousavam no bem fortificado porto de Cartagena no norte da costa da América do Sul.

A cronologia dos ataques piratas, corsários e bucaneiros sobre esses portos Espanhois e das frotas que carregavam tesouros segue uma estratégia lógica governada pela geografia. Corsários Franceses tomaram e queimaram Cartagena e Havana em 1559. Sir Francis Drake atacou Nombre de Dios em 1572 e surrupiou Cartagena em 1585.

A Espanha enfrentou grande penúria para garantir que a defesa desses portos fosse tão próxima do impregnável quanto possível, como ainda é possível observar pelas fortificações remanescentes no porto de Havana, mas ao concentrar suas forças tão amplamente na proteção das frotas que carregavam tesouros, a Espanha acabou abandonando o resto do Caribe para aventureiros mercenários e os Holandeses, Franceses e Ingleses logo preencheram esse vazio.

As terras cruzadas pelos bucaneiros e a localização estratégica desses lares em grande parte determinaram as vias de embarcações do Atlântico, Caribe e Oceanos Índico – As Bahamas foram usadas para atacar navios Espanhóis que haviam deixado os portos do tesouro dos ístmios do Panamá e México e que estavam em rota para a Europa. Tortuga era um lugar no qual se atacavam navios mercantes vindos da Europa e África para a Jamaica e o Caribe, e o Madagascar era perfeitamente posicionado na rota dos navios que comercializavam no Oceano Índico.

Havia também um padrão sazonal nas viagens piratas. Os meses de inverno eram gastos no Caribe. Em abril ou maio os bucaneiros talvez seguissem para o norte. O Barba Negra esteve na costa da Virginia em outubro de 1717. Em 1718 ele assaltou Charleston na Carolina do Sul, bloqueou o porto e colocou a cidade como refém. Nos invernos rigorosos, ele pilhou navios de St. Kitts e a Baía de Honduras. Piratas também vasculharam a costa oeste da África em busca de ouro, marfim e escravos ou atravessaram a ponta da América do Sul como Drake havia feito para assaltar os navios de tesouro Espanhóis no Pacífico.

Cordingly fornece algumas considerações novas sobre a democracia bruta da vida pirata. Em um navio pirata, o capitão era eleito e ocasionalmente deposto pelos votos da maioria de sua tripulação. Na maior parte dos casos era a tripulação, não o capitão, que decidia a destinação das viagens piratas e quando atacar. John Rackam, também conhecido como Cálico Jack por suas roupas coloridas, assumiu comando de uma frota pirata em 1718 ao desafiar um capitão que havia se recusado a atacar uma frigata francesa na passagem do barlavento. Henry Avery, também conhecido como Long Ben, era um ex-aspirante a oficial da Marinha Real Britânica que assumiu o posto do corsário Charles em 1694 nas águas Espanholas quando seu capitão foi encontrado querendo, mas incapacitado pela bebedeira.

Avery renomeou o navio com o nome Fancy e içou velas de Madagascar e o Mar Vermelho onde, oculto em espera por navios peregrinos que partiam de India para Mecca, ele capturou e saqueou o Ganj-i-Sawai, o maior navio pertencente ao grande mogul da Índia, um assalto que garantiu a cada participante mil libras. O feito de Avery foi logo celebrado no palco de Londres no Teatro Real de Drury Lane em 1713 em um extenso melodrama intitulado o Pirata de Sucesso, o qual, observa Cordingly, começou uma longa linha de melodramas piratas, mais tarde parodiados pela opera fugaz de Gilbert e Sullivan. O próprio Avery morreu pobre no porto de pescadores de Bideford, em Devon, tendo sido apropriado de suas riquezas pelos comerciantes locais e considerado como “não valendo o suficiente para gastar um caixão”.

As tripulações de navios piratas frequentemente formalizavam regras escritas. Esses conjuntos de regras para comportamento a bordo de um navio, para a distribuição dos saques e taxas estabelecidas de compensação de machucados (600 peças de oito pela perda do braço direito, 500 por um braço esquerdo, 100 para cada perda de um olho ou dedo).

Enganar companheiros piratas traziam retribuições severas. De acordo com os artigos desenvolvidos pelos homens de Bartolomeu Roberts, fraudar a companhia era passível de punição por asilamento, ou seja, situando o marujo ofensor vagando em alguma ilha ou outro lugar inabitado.

Já o “roubo estabelecido entre um e outro”, depois de “cortar as orelhas e nariz daquele que fosse culpado”, o pirata ofensor era deixado em uma região conhecida por ser inabitada. Os artigos da tripulação de Roberts ajustavam o tempo para desligar as luzes para oito da noite. Depois dessa hora, aqueles “ainda inclinados para a bebedeira” tinham que ir para o convés.

Bandeiras piratas eram vermelhas e negras, adornados com brasões de caveiras, corações ensanguentados, ampulhetas, lanças, cutelos e esqueletos inteiros. Por volta de 1730, a caveira e os ossos cruzados no tecido preto haviam superado outros símbolos e foram adotados por Ingleses, Franceses e piratas Espanhois nas ìndias Ocidentais.

O Capitão Richard Hawkins, capturado por piratas em 1724, descreveu como eles “ostentavam uma jolly roger, que era o nome dado àquela insignia negra no meio do qual havia um grande esqueleto branco com um dardo em uma mão, atingindo um coração ensaguentado e na outra uma ampulheta. Quando eles lutavam sob a Jolly Roger, eles mostravam misericórdia, algo que eles não faziam quando lutavam sob a bandeira vermelha ou sangrenta.

Durante o começo do século dezoito, piratas eram homens jovens com idade média de vinte e sete anos. Muitos capitães piratas se recusavam a aceitar a entrada de homens casados. Edward Low de Boston era irredutível que “ele não tivesse com ele ninguém sob a influência de atraentes tão poderosos como esposa e filhos, muito menos que eles ficassem gradativamente descontentes sob o seu serviço…” Artigo seis de um dos códigos piratas de conduta decretavam “nenhum garoto ou mulher deve ser permitido entre eles. Se algum homem fosse encontrado seduzindo alguém do sexo feminino e levasse ela para o mar, disfarçada, ele deveria sofrer a morte”.

O historiador B R. Burg sugeriu há alguns anos atrás que todas as tripulações piratas totalmente masculinas eram frequentemente homossexuais. Cordingly não está convencido disso (nem Christopher Hill), apesar dele ter menos certeza acerca das propensões dos Capitães de veículos navais e seus jovens servos ou assistentes de cabine. Ele aponta para o caso de Samuel Norman, que ele descobriu entre os documentos da Alta Corte do Almirantado. Capitão Norman estava tendo seu banho administrado por um garoto de quatorze anos, Richard Mandervell, enquanto seu navio se encontrava encorado em Oporto. Ele “o utilizou com objetivos carnais, sendo considerado culpado do crime comumente conhecido como sodomia e usou o nosso informante duas vezes da mesma forma…”

O comportamento do Capitão Norman, no entanto, não atinge a questão mais ampla que Burg levantou. Comerciantes portugueses no Brasil, cuja atividade sexual não era de maneira nenhuma limitada pela presença predominantemente masculina dos navios no mar, eram frequentemente investigados pela Inquisição pelas perseguições que efetuavam aos assistentes de sua lojas. O Capitão Norman, ancorado no Oporto, poderia ter ido em terra em busca de companhia feminina caso assim o desejasse.

Rogozinski está mais de acordo com esse ponto em “Pirates!” quando ele descreve como bucaneiros reconheciam um relacionamento do mesmo sexo denominado de matelotage – camaradas que eram “companheiros”, dividiam dificuldades, lutavam lado a lado e compartilhavam suas posses. O capitão pirata Edmund Cook navegou por muito anos com um servo sem nome que foi capturado e forçado a confessar que “seu Mestre havia frequentemente o assediado na Inglaterra… e na Jamaica… e uma vez num desses mares antes de Darien”. A confissão aparentemente não ofendeu o resto da tripulação. Bartholomew Sharp retornou para a Inglaterra em 1682 com um garoto espanhol de dezesseis anos capturado na América do Sul e o Capitão George Shelvock enfureceu sua tripulação ao promover seu assistente de cabine a primeiro imediato.

Haviam piratas mulheres cross-dressers, sendo as mais famosas Mary Read e Anne Bonny, que navegaram com o Capitão John “Calico Jack” Rackam, partindo de de Nova Providência nas Bahamas. Em seu jugalmento por pirataria em 1720, na cidade de St. Jago de la Vega, hoje cidade espanhola na jamaica, uma das testemunha contra ele, Dorothy Thomas, disse: “Cada uma delas tinha uma machete e uma pistola em suas mãos e amaldiçoaram e juraram para seus homens, para assassinar o depoente (ou seja, Thomas) e que eles deveriam mata-la, para impedi-la de vir atrás deles”.

A depoente acrescentou que a razão dela saber e acreditar que elas eram mulheres foi a “largura dos seus peitos”. Independente da grandeza que seus peitos tivessem, Read e Bonny haviam se apaixonado, cada uma pensando que a outra fosse um homem, ou assim elas disseram para Calico Jack. Condenadas por Pirataria, elas foram sentenciados a morte por enforcamento, mas foram aliviadas no último momento quando foi constatado que ambas estavam grávidas.

Calico Jack, por outro lado, sofreu o mesmo destino que muitos condenados de pirataria. Ele foi colocado em uma gaiola de ferro, pendurado por uma corda da chamada prisão do homem morto, uma pequena ilha visível a partir de Porto Real, agora conhecido como a prisão de Rackam e seu cadáver foi ungido em alcatrão para preserva-lo como um aviso aos demais.

As tripulações piratas tinham múltiplas nacionalidades e eram multi-raciais. Traficantes holandeses e piratas apareceram no Caribe depois que comerciantes holandeses foram expulsos da península ibérica em 1598 e mercenários holandeses continuaram a atacar navios nas ìndias Ocidentais até o começo do século dezoito. Corsários Franceses eram ativos no Caribe no começo do século dezoito e guadas costeiras espanholas frequentemente lançavam ataques freelancers nas colônias inglesas.

Cordingly descobriu que piratas baseados na ilha de Nova Providência na Bahamas entre 1715 e 1725 eram em sua maioria ingleses – sendo 35 por cento deles da Inglaterra, 25 porcento das colônias americanas, 20 por cento das Índias Ocidentais, 10 por cento escoceses e o resto eram suecos, holandeses, franceses, espanhóis e portugueses. Entre os Ingleses, a maioria vinha de Londres ou do interior oeste do país.

As tripulações de navios piratas frequentemente incluíam Africanos negros. Cordingly assume que eles eram escravos e acredita que por mais desligados que os piratas brancos fossem de suas culturas originais, eles provavelmente não aceitavam negros como parceiros iguais. Isso, no entanto, parece ser um julgamento apressado. Marinheiros africanos haviam participado em viagens oceânicas dos Portugueses por mais de dois séculos antes dos bucaneiros cruzarem os mesmos mares.

As pinturas japonesas que encenam a chegada de navios Portugueses na baía de Nagasaki no século dezesseis mostram marinheiros africanos entre a tripulação. Que piratas roubavam e invadiam escravos como parte de seu butim de nenhuma maneira impedia a participação de piratas negros no saque e venda de cargas humanas, da mesma maneira que isso não impediu Africanos de vender outros Africanos para a escravidão.

Ainda assim, a medida que o poder da Espanha declinava e a França e Inglaterra ascendiam, os piratas começaram a ser percebidos de uma maneira muito diferente. Eles não eram mais vistos como potenciais aliados em tempos de adversidade, como os velhos corsários eram, mas como inimigos do bom comércio. Como, Cordingly se pergunta, foi que os piratas adquiriram uma imagem heróica e relativamente benigna?

A resposta está presente na precoce literatura pirata em Inglês, que frequentemente denota os corsários anti-espanhóis da Inglaterra Elizabetana em contraste com os predadores da época posterior. Contra o ambiente de uma poderosa tradição anti-espanhola e anti-católica, não é surpreendente que as pessoas que leram histórias piratas no final do século dezessete e começo do século dezoito dispuseram pouca simpatia pelas vítimas espanholas. De qualquer forma, “chamuscar as barbas do Rei Filipe” e dos seus sucessores foi visto como um dever patriótico de qualquer bom pirata ou corsário Inglês (ou galês) e tal era a essência das justificativas do Capitão Morgan pelas suas atrocidades no Panamá.

Nos anos finais de Morgan, já havia um burburinho de insatisfações sobre a inadequação de sua figura poder assumir posições como oficial na jamaica e, de várias formas, ele foi identificado com o velho Caribe em uma época que as perspectivas para saque privado estavam diminuindo rapidamente. O cultivo de açúcar estava se expandindo rapidamente nas îndias Ocidentais, assim como o consumo de açúcar na Grâ-Bretanha e assim como também a importação de escravos da África. Os mercadores e traficantes de escravos eram apoiados por poderosos interesses comerciais e políticos em Londres, Bristol e Liverpool tinham pouco tempo para bucaneiros e, após o Tratado de Utretch em 1713, os Ingleses obtiveram o direito formal (asiento) de prover escravos para os mercados espanhois situados na América.

No século dezoito, os ingleses estavam aprendendo, assim como os franceses, que era mais fácil subverter o Império Espanhol de dentro do que ataca-lo a partir do alto mar. Era melhor usar os créditos dos comerciantes Londrinos para assumir controle do comércio espanhol nas Américas e traficar e barganhar ao longo das cotas America Central e do sul do que assaltar e destruir potenciais clientes. E os piratas passaram a não limitar mais seus ataques aos espanhóis. A medida que a riqueza e o poder se deslocava das vias de navegação do Atlântico, foram os ingleses que se tornaram objeto dos assaltos piratas.

Por volta de 1720, na época do pico da atividade pirata no Atlântico, supunha-se que os piratas fossem um total de duas mil pessoas. Dentro de uma década, eles foram reduzidos para menos que duzentos. Logo que o governo britânico decidiu responder com força, os piratas passaram a ter pouca chance. A marinha real em 1718 tinha 67 embarcações com capacidade militar. Mesmo as menores delas tinham cinquenta canhões, iguais em força ao navio “Vingança da Rainha Anne” do Barba Negra, o maior navio pirata.

Mudanças na lei em 1700 tornaram possível impor uma sentença de morte por meio da corte do Vice-Almirantado no Além-Mar. Um dos primeiros casos ocorreu em Boston em 1704, quando John Quelch, depois de assaltar a costa do Brasil, tinha cometido o erro de retornar ao porto de Marblehead, onde teve seu navio capturado. Quelch e seis da sua tripulação foram sentenciados a morte. Depois de uma barragem de sermões do Reverendo Cotton Mather, eles foram enforcados na costa do porto de Hudson.

Para estar de acordo com a jurisdição almirante, todos os enforcamentos ocorreram em palcos que estivessem “acima da linha da maré alta”, já que sua autoridade se estendia pelas terras até o ponto de maré baixa. Entre 1716 e 1726, quatrocentos homens foram enforcados por pirataria por cortes espalhadas em todo o Atlântico, do Porto Real até Barbados, de Nova Providência até Londres, e de Boston até Cape Coast da África Ocidental.

Capitão Woodes Rogers, um famoso ex-corsário, foi enviado para Nova Providência como governador de Bahamas em 1718 a pedido de comerciantes de Bristol e londres, e provou ser um dos mais eficientes flagelos dos piratas. Woodes Rogers, acompanhado pelo bucaneiro William Dampier, havia capturado um galeão de comércio em 1709, um dos dois corsários ingleses a faze-lo e, circunavegando o mundo, retornou a Londres em 1711 com moedas de ouro, pedras preciosas e sedas valendo 800.000 libras inglesas.

Ele também havia resgatado o marinheiro náufrago Alexander Selkirk, dito ser um modelo para o Robson Crusoe (1719) de Daniel Defoe, das ilhas de Juan Fernandez na costa do Chile. Um ex-caçador tornado em guardião, Woodes Rogers enviou navios para capturar Calico Jack, Anne Bonny e Mary Read. O brasão concedido às colônias das Bahamas em 1728 resume a nova situação. Ele exibia em seu centro um navio de guerra da Marinha Real, além de mais três pairando no fundo e ostentava o motto “Expulsis Piratis, Restituta Commercia (Piratas Expulsos, Comércio Restaurado).

Woodes Rogers requisitou um retrato da família do jovem William Hogarth em 1729. Nele, ele senta confortavelmente em uma cadeira diante do Forte de Nassau, um globo ao seu lado representa sua viagem ao redor do mundo, seu filho segura um mapa aberto da Ilha de Nova Providência e no porto um navio de guerra da salvas com um tiro. Depois de 1730, era melhor deixar os piratas para romancistas e dramaturgos. O Comércio substituiu a pilhagem.

Ainda assim, fora da rica mistura de fato e ficção no começo do século dezoito, o gênero pirata emergiu nos trabalhos de J. M. Barrie e Robert Louis Stevenson, sendo vendidos junto com as aventuras dos primeiros detetives e caçadores de tesouros, onde os antigos baús naufragados foram descobertos tendo compartimentos secretos e manchas de tinta ambíguas em velhos mapas foram chamadas a representar ao mesmo tempo, atois do Pacífico, pequenas ilhas da costa da Indochina ou a Ilha de Gardnet em Montauk. As narrativas piratas do começo do século dezoito, um pouco amainadas é claro, foram tomadas pela Disneilândia e dezenas de filmes B de Hollywood.

Eu fiquei encantado em descobrir, outro dia, minha bem avariada copia de Ilha do Tesouro, um presente do meu pai quando eu tinha sete anos. Ele trouxe de volta memórias de divagações de verão ao longo das costas e baias de Devon e Cornwall. Sem dúvidas com a intenção de me fazer ficar quieto, ele costumava prometer que em alguma ponta daquela costa profusamente pedregosa ou além de algum ponto da costa ou no fim de alguma caverna rochosa, nós iriamos descobrir a hospedaria do Almirante Benbow.

Para garotos crescendo no oeste da Inglaterra, Drake, Hawkins, Raleigh e certos lobos do mar, mercenários, ladrões e piratas, real ou inventados, eram parte da cultura popular. Cordingly conseguiu, até certo ponto, ajudar a esclarecer e desmistificar essa rica herança imaginária.

Então foi algum alívio descobrir em seu livro, depois de todos esses anos, que embora a hospedaria do Almirante Benbow nunca tenha existido, o próprio Almirante John Benbow existiu. Um oponente de piratas, Espanhóis e dos Franceses, ele morreu heroicamente de seus ferimentos em Cartagena em 1702, depois que sua perna direita foi esmagada por um tiro de correntes e ele se recusou a deixar o convés.

Kenneth R. Maxwell é um historiador britânico. É especialista em História Ibérica e no estudo das relações entre Brasil e Portugal no século XVIII, sendo um dos mais importantes brasilianistas da atualidade (Fonte: Wikipedia)

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