Chelsea Manning pode enfrentar punições extras pela sua tentativa de suicídio

ago 25, 2016 | Ativismo, Compartilhamento de arquivos, Internet, LGBT, Notícias, Pirataria, Tradução | 0 Comentários

A delatora do exército estadunidense Chelsea Manning tentou se matar em 5 de Julho em sua cela na prisão militar Fort Leavenworth. Neste momento, oficiais militares estão considerando fazer acusações em conexão à tentativa de suicídio que poderiam fazer os termos de seu aprisionamento muito mais punitivo – incluindo confinamento solitário indefinido – enquanto possivelmente negando a ela qualquer chance de liberdade condicional.

De acordo com um documento de acusação postado pela American Civil Liberties Union (ACLU, União das Liberdades Civis Americana, em tradução livre), Manning foi informada por oficiais militares na terça-feira que ela está sob investigação por “resistir a equipe de transferência de cela,” “propriedade proibida,” e “conduta ameaçadora.” Nas semanas seguintes à tentativa de suicídio dela, ela ficou ativa na rede social, agradecendo seus seguidores pelo apoio moral.

O tratamento de Manning na prisão desde seu encarceramento em 2010 gerou ultrage repetidamente entre os defensores de liberdades civis. As táticas punitivas que foram empregadas contra ela incluem deixá-la nua em sua cela todas as noites, confinamento solitário extendido, e negação de necessitades médicas como óculos. Em 2011, o então porta-voz do Departamento de Estado P.J. Crowley descreveu publicamente o tratamento de Manning na prisão como “ridículo, contraprodutivo, e estúpido”.

Após uma investigação de 14 meses sobre o tratamento de Manning pelo relator especial sobre tortura das Nações Unidas, a ONU acusou o governo dos EUA de manter Manning em condições constituíam “tratamento cruel, desumano e degradante,” particularmente no que diz respeito ao uso extensivo de confinamento solitário pré-julgamento. As medidas duras que os militares empregaram durante a detenção de manning levaram a suspeitas de que o governo está tentando fazer dela um exemplo sobre sua delação.

A última ameaça de acusar Manning por ofensas relacionadas a sua própria tentativa de suicídio parece proceder no mesmo espírito abusivo.

“O governo esteve ciente da angústia de Chelsea associada à negação de cuidados médicos relacionados à sua transição de gênero e, ainda assim, postergou e negou o tratamento reconhecido como necessário,” disse o procurador da ACLU Chase Strangio em uma declaração. “Agora, enquanto Chelsea está sofrendo a mais tétrica depressão desde seu emprisionamento, o governo está tomando ações para puni-la por esse sofrimento. Isso é exorbitante e nós esperamos que a investigação seja finalizada imediatamente e que a ela seja dada a assistência médica que precisa para se recuperar.

Em uma declaração feita por Manning depois de sua confissão de culpa quanto a acusações de espionagem em 2013, ela pediu por perdão e disse que foi motivada por ultraje moral sobre detalhes do exército dos EUA matar e torturar civis no Iraq. “Em nosso fervor para matar o inimigo, nós internamente debatíamos a definição de tortura,” ela disse. “Se você negar meu pedido de perdão, eu cumprirei minha pena sabendo que às vezes você tem que pagar um preço grande para viver em uma sociedade livre.”

Manning atualmente está cumprindo o sexto ano de uma pena de 35 anos.

Traduzido de TheIntercept

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